Na década de 70, Nagwa Fouad foi considerada a melhor dançarina do ventre do mundo árabe. A artista, com suas performances e trabalhos, se tornou um ícone desta geração, por isso o grande músico Mohamed Abd el Wahab, criou especialmente para ela uma música para dançar.

Estilosa e empreendedora

Nascida em Alexandria, no bairro Al Gomrok, sob o nome de Awatef Mohamed Ágami, em 1939. Filha de pai egípcio que trabalhava como eletricista e de mãe palestina. Sua mãe morreu quando ela era ainda uma menina, com menos de 12 anos, então sua madrasta cuidou dela e a tratou como sua própria filha. Nagwa Fouad foi forçada a fugir com sua madrasta quando seu pai decidiu que ela, com apenas 12 anos, deveria se casar com seu amigo, que, na época, tinha 43 anos. Elas foram para o Cairo e sua madrasta trabalhava como costureira. Seu pai não foi atrás delas, se casou com sua terceira esposa e teve seus dois filhos, Mohamed e Yahya.

Nagwa encontrou um anúncio da agência 3Orabi das estrelas do cinema egípcio, que procurava uma telefonista. Quando Mr. Orabi a viu dançando, a convenceu a alugar um traje de dança oriental e subir no palco. Ela então começou a dançar em casamentos e salões. O primeiro Night Club foi o Sahara City, aos pés das pirâmides em Giza. Depois, passou a dançar no sofisticado L'Auberge des Pyramides. Foi forçada a mudar seu nome para Nagwa para escapar de sua família durante seu início artístico, e o nome Fouad veio de sua associação nesta época com o músico Ahmed Fouad Hassan. Ele era o diretor da renomada banda Al Masseya (Os Diamantes) e tocava el qanoun com maestria.

Eles se casaram quando Nagwa tinha 15 anos e ele, 40 anos. Ele a orientou profissionalmente e a colocou em escolas de dança e música. Uma das escolas de dança que frequentou foi a da atriz/bailarina Nelly Mazloum, descendente de gregos.

Nagwa apareceu em muitas das capas dos LPs e K7s de Ahmed Fouad.

Num dos romances do escritor Mostafa Amin, ele revelou que a primeira vez que viu Nagwa Fouad foi em 1957, dançando numa boate em Alexandria. Naquela época, estava dando os primeiros passos na dança, e ele sentiu que ela teria um grande futuro. Há muitos anos, ele destacou que Nagwa, filha de uma refugiada palestina, foi a única que se lembrou dele enquanto estava na prisão. Nesse mesmo ano, Nagwa Fouad participou de seu primeiro trabalho no cinema, o filme Ighra' (Tentação) com Sabah e Shokry Sarhan. Em 1958, no filme Sherea El Hob (Rua do Amor), dançou ao lado de Abd el Halim Hafez, a famosa canção "Uloulou".

Dançou no filme Bint Al Badya (A Filha do Deserto), ao som da linda voz de Mohamed Al Kahlawy, pioneiro da música beduína no cinema Egípcio.

A primeira oportunidade real foi quando ela assinou contrato para o filme Maláak u Shaitán (Anjo e Diabo), de 1960, com os produtores Salah e Ezz El Din Zu alfaqar. Este filme representou um salto qualitativo em sua carreira cinematográfica.

Os três sábios em 1965.

Luzes da cidade em 1972

Mais tarde, ela fundou uma produtora e produziu vários filmes nos quais estrelou, incluindo Alf Boussa u Boussa, (Mil e um beijos), em 1977, e Had el Seif (O fio da espada), de 1986. Foi capa de Revistas Egípcias, como Al Kawákeb, em 1966. Também cantou no filme Boukra ahla min Elnaharda (O amanhã é mais belo que hoje) em 1986.

Apresentou performances de dança na TV Egípcia, como "Amar 14", Lua Cheia do 14˙ dia, composta por Mohamed Abdel Wahhab especialmente para ela, em 1976. Nessa performance, ela transformou a dança tradicional em um espetáculo coreografado e luxuoso, com elementos dramáticos singulares. Outra apresentação histórica foi a canção Set el Hosn, composta por Mohamed Sultan. Ela sempre afirmou que conseguiu reunir a dança oriental de Taheya Carioca e Samia Gamal ao talento acrobático de Naima Akef. Também formou seu próprio grupo de dança, para acompanhá-la nos seus shows.

Seus múltiplos casamentos chegaram a 15, segundo sua entrevista no programa "Ana u ElAssal" (Eu e o mel) com Nishan, exibido no Ramadã de 2013. Entre eles, o ator Ahmed Ramzy, o artista e instrutor de dança Kamal Naeem, o jovem cantor Imad Abdel Halim, de quem se divorciou ao descobrir seu vício em heroína. Seu último marido foi o major-general Muhammad Al-Sibai.

Nagwa Fouad admitiu que foi traída mais de uma vez, quando seu marido na época, Al-Zoghbi se casou com sua amiga. Ela não fez objeções e ainda dançou na festa de casamento.

Ela tinha um bom relacionamento com seus colegas de trabalho, especificamente com Abd el Halim Hafez, quem ela descreveu como um irmão e amigo inesquecível. Ela disse sobre ele: " Halim é uma pessoa calma e honesta. Ele é sensível e respeita qualquer pessoa que se preocupa com seu trabalho."

Ela também tinha amizade com Farid Al-Atrash e dançou em seus shows.

Compartilhou o palco com Karem Mahmoud…

E a grande estrela saudita Mohamed Abdo.

Nagwa Fouad também admitiu em suas declarações que Fouad Al-Mohandes é um dos artistas "mais doces" que ela conheceu e trabalhou. Shweikar, sua esposa, foi sua mentora, com quem ela aprendeu muito e nunca houve nenhum ciúme entre elas.

Taheya Carioca, disse que Nagwa é uma dançarina boa e ambiciosa, que se dedicou intensamente à arte e apareceu numa época em que as dançarinas estavam mais preocupadas em atuar do que dançar.

Nagwa Fouad separou-se de seu primeiro marido, Ahmed Fouad Hassan, porque ele queria ter filhos, enquanto ela temia por sua forma física e trabalho artístico, então se recusou a ser mãe. Depois disso, se arrependeu. Em outro casamento, quando estava grávida, seu marido insistiu em fazer um aborto, e ela sentiu remorso e solidão à medida que envelhecia. Mais tarde decidiu adotar uma filha e sempre a manteve afastada do meio artístico.

Também dançou após a vitória da Guerra de Outubro de 1973 na frente do então secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, em uma festa organizada pelo presidente Anwar El Sadat. Dizem que Kissinger se apaixonou por ela e lhe propôs casamento, mas ela recusou.

Durante sua vida artística trabalhou em 273 obras, entre filmes, peças teatrais e séries. Recebeu prêmios em Festivais de cinema. É considerada uma das atrizes mais presentes em número de filmes na tela, e apesar dos papéis recorrentes de dançarina, tentou se posicionar como atriz, principalmente no filme O fio da espada. Anunciou sua aposentadoria da dança em 1997 .

Sabe-se no meio artístico que Nagwa Fouad tem opiniões ousadas. Em 1998, ela disse que sempre teve orgulho de ser dançarina. Até hoje é um símbolo de dedicação e profissionalismo.

Claudia Cenci